quarta-feira, 29 de junho de 2011

Prédica sobre a Saudade




Somente quem já viveu a experiência de amar sabe o que é a saudade! Não um falso amor, ensinado pelo mundo, mas um verdadeiro amor, aquele que foi revelado por Cristo na Cruz. É no olhar para a Cruz, Àquele que trespassaram (Jo 19,37) que contemplamos o verdadeiro amor, o nosso caminho de cristãos.
Ao amar, o nosso coração diz todos os dias, silenciosamente, à pessoa amada: “Eu escolho amar-te, eu quero amar-te, apesar de você, apesar dos teus pecados, eu escolho você como lugar onde derramarei o meu coração”. A partir daí, passamos, por obra de Deus, a ver o outro com os olhos de Jesus. Encantamos-nos com os gestos, com o olhar, com as palavras... Os mesmos que muitas vezes serão como espinhos na carne. Porém, reconhecemos profundamente este “outro”, esta pessoa a quem amamos, como presente de Deus a nós. E sentimo-nos gratos a Deus por este presente. É quando Deus nos prova no amor! E, assim como o ouro é provado no fogo, o nosso amor é provado no sofrimento... A perda do bem-amado, a perda da pessoa amada!
Nasce, então, como prova do amor, a saudade – Dom de Deus.
E o que é a saudade?
No ano de 2005, dia 2 de Abril, falece o Papa João Paulo II. E na Missa das exéquias do Papa, o então cardeal Joseph Ratzinger (futuro Bento XVI), grande amigo de João Paulo II, disse estar com o coração cheio de tristeza, mas também de jubilosa esperança e profunda gratidão. É exatamente aí que podemos entender o que é a saudade: “um misto de alegria e de sofrimento”. Alegramo-nos por ter tido aquela pessoa conosco... Por ter tido este presente... Por ter visto aquele olhar, muitas vezes, com lágrimas de alegria, outras vezes, lágrimas de dor... Alegramo-nos por ter tido as lágrimas enxugadas por ela tantas vezes... Mas também sofremos por não tê-la mais tão próxima... Por não ter mais aquele olhar que muitas vezes parecia nos dizer: tenha coragem, eu estou contigo...
... A saudade verdadeira, porém, não olha somente para trás, para o passado, e se recorda da pessoa amada. Ela olha para frente. É a esperança de que diz o então cardeal Ratzinger. Sem ela cairíamos no desespero! Ela faz-nos já alegrar pelo reencontro, GRAÇAS A RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
Ele, com sua ressurreição, nos deu uma esperança viva!
Nós, cristãos, cremos na comunhão dos santos, crendo em nossa comunhão, oremos por todos os que já não estão conosco, mas que temos a viva esperança do reencontrar, em Cristo no Céu.

Rezemos também, com o coração cheio de tristeza e grande esperança e gratidão, por aqueles que continuam conosco nesta vida, aqueles a quem amamos muito, mas se afastaram de nós, por brigas, desentendimentos... Tenhamos também a alegria e esperança do reencontro. Esta saudade tem, certas vezes, um sofrimento maior, mas a alegria reservada também é maior.
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